Situação Internacional
João da Silveira
Seg. 31
SÍRIA : “PAÍS DO ANO 2018” : Se houvesse esse concurso, a Síria seria certamente a escolhida este ano, argumenta Moon of Alabama. George Galloway twitou: “The defeat of the imperialist armies and their head-chopping auxiliaries in the alphabet soup of Islamist extremism by the Syrian Arab Army and its allies was the most significant event of the year or any year since the US defeat in Vietnam. It will change the world.”. A propósito, se houvesse então esse concurso, o Vietnã teria sido escolhido “PAÍS DO ANO 1968”… A derrota dos Estados Unidos na Síria configura mais uma crise do Império e pode custar ao imperador temerário a presidência, pois o establishment imperialista quer sua cabeça, literalmente e figurativamente….
Ter. 1
Fireworks light up the sky in Hong Kong. © Tyrone Siu / TPX / Reuters, RT
BOLSONARO PRESIDENTE : Íntegra do discurso de posse no Congresso Nacional : Sobre o discurso do Parlatório do Palácio do Planalto : Representações estrangeiras : Em 2011, com 130 representações, Dilma Rousseff teve quase três vezes mais que Jair Bolsonaro, com 46 representações em 2018 : Estados Unidos e China mandam representações protocolares : Ausência de delegações africanas e destaques à direita com Benjamin Netanyahu e Viktor Orban….
HUAWEI : Olhem só que coisa surpreendente : Os Estados Unidos, pátria da invenção e da revolução digital, não têm empresas competidoras em tecnologia 5G, e seus aliados europeus e asiáticos também estão bastante atrasados… FUKUSACANZ+G&F é a sigla, pois-pois, do Ocidente em apuro tecnológico e temeroso da China. FUKUS, como já foi explicado noutro lugar, é o coração do Ocidente. Austrália, Canadá e Nova Zelândia são sua extensão anglófona. Por fim vem o G de Germânia e o F de Finlândia, apanhados nessa “realidade embaraçosa”….
ALEMANHA & RÚSSIA : A RELAÇÃO EM 2018 : Thomas Röper (AntiSpiegel) entende que os dois países têm muitos interesses complementares em comum, mas a relação não avançou nada em 2018 porque a Alemanha é uma “colônia” dos Estados Unidos….
Qua. 2
2018 CHEGOU AO FIM : TODOS NÓS FICAMOS MAIS VELHOS E MAIS POBRES : Foi isso o que aprendemos, segundo Bill Bonner. Acontece que O Antagonista mandou uma carta para mim, eu que sou leitor do Antagonista. A carta teve o propósito de me apresentar a jovem Ana Paula Henkel, analista de política e esportes. “Jogadora de vôlei profissional, ela disputou quatro Olimpíadas pelo Brasil, migrou para os Estados Unidos há dez anos e hoje estuda Ciência Política na Universidade da Califórnia. Ana Paula contesta — com números — a versão que a esquerda tenta construir sobre Trump. Ela faz parte de um timaço de especialistas convidados para produzir prognósticos exclusivos sobre 2019.” Portanto, se eu assinar a revista digital Crusoé, vou ter acesso aos “prognósticos exclusivos” da estudante Ana Paula. Interessado, comparei os números de Ana Paula sobre a economia e o emprego na era Trump, não com versões da esquerda, mas com os números de Bill Bonner. Vejamos. Sobre a economia (que aliás não se resume ao mercado de ações) na era Trump, Ana Paula escreveu:
Começando pelo mais importante e tradicional índice que mede o desempenho das principais ações americanas desde 1896, o Dow Jones Industrial Average, temos durante o governo Trump uma sucessão de recordes de tirar o fôlego . (…) Durante os oito anos de Obama, o índice patinou e nunca passou dos 20 mil pontos, uma barreira rompida logo no início do governo Trump e que se mantém até hoje, com picos próximos dos 25 mil.
Vejamos agora o que Bill Bonner escreve hoje mesmo sobre esse assunto:
Our beat here at the Diary is money. . . Let’s just follow the money. And what we notice immediately is that the last decade (save the final three months) was a great time to be rich. The Fed pumped up your stocks, bonds, real estate, and collectibles… And then, Donald J. Trump added a tax cut. Even after the selloff at the end of the year, the typical stock owner was still two to three times richer than he was in 2009. But his luck seemed to be running out. By the end of 2018, he was losing money and ended the year down about 6%….
Enquanto Ana Paula separa Trump de Obama, Bill Bonner vê Trump no mesmo esquema operacional montado por Obama. Agora, sobre a questão do emprego, Ana Paula escreveu:
Os Estados Unidos têm um índice abaixo de 4%, o que os economistas chamam de ‘pleno emprego’. (…) Os números para o desemprego entre latinos são os mais baixos em 17 anos. Já entre negros, os mesmos índices são os mais baixos da história.
E mais esta:
Quando se coloca uma lupa nos números de emprego, é impossível não se sentir otimista. O salário médio por hora aumenta consistentemente. Novas vagas são criadas numa velocidade estonteante.
Bill Bonner escreve:
Overall, real wealth (very roughly measured by GDP) grew at about 3% in the U.S. last year – totaling some $600 billion worth of additional output. But at the same time, debt grew faster. The federal deficit alone was $833 billion (and is already programmed to go to $1 trillion this year). Altogether, corporate, government, and household debt grew by $1.9 trillion – or more than three times as much as the output that must support it. The 2018 economy was heralded, nevertheless… by the press, Wall Street, and the president… as a great achievement. Mr. Trump quickly forgot all about the “big, fat, ugly bubble” that he claimed Barack Obama had created. Now, it was HIS big, fat, ugly bubble… and it was beautiful. Unemployment went down to levels not seen since the 1950s. GDP growth even pushed up into the 3-4% range for a couple of quarters – just as it had under Barack Obama. Trouble was, it was still a big, fat, ugly bubble… and Mr. Trump made it even bigger, even fatter, and even uglier by adding more lard.
E mais isso:
And so it came to pass that in 2018, the Fed continued to lend money at below the rate of consumer price inflation (effectively giving it away)… and Washington continued to spend money it didn’t have on things it didn’t need. The rich lost money on Wall Street. The poor lost money as the Main Street economy stumbled. The year came to a close, and we were all, collectively, older and poorer. But no wiser.
Olhe, está decidido. Eu não vou assinar a Crusoé para poder ler os prognósticos pró-Trump de Ana Paula Henkel, baseados em números pela metade, pois ela não vê nem inflação nos preços ao consumidor nem o Fed a imprimir dinheiro disparadamente. Eu vou continuar com Bill Bonner, com seus números mais redondos da economia política real.
Qui. 3
TRUMP EXONERA SEUS GENERAIS E EXPLICA PORQUE : Seraphin Hanisch o vê como que a rasgar em fiapos a Nova Ordem Mundial perante seus mentores, num vídeo “dourado e instrutivo”…
Sex. 4
BOLSONARO PRESIDENTE : NARRATIVA ESPÚRIA : Merval Pereira e O Antagonista concordam com a narrativa de Augusto Heleno de que Jair Bolsonaro “livrou o país de uma ‘grande calamidade’”. A grande calamidade no entender deles tem nome. É o socialismo. Estão alegando que Bolsonaro livrou o Brasil do socialismo, quando, em verdade, Bolsonaro ainda não livrou o Brasil de coisa nenhuma, pois ele não estava em condições de fazer por sua iniciativa e força qualquer livramento. Agora sim, eleito presidente da República, ele está em condições de fazer grandes coisas pelo Brasil. Mas, lembre-se, não foi Bolsonaro quem propôs, convocou e liderou as grandes manifestações contra a corrupção e o desgoverno no país. Foi a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal que mostraram e despertaram nos brasileiros o problema da corrupção. As grandes manifestações foram contra a corrupção. Não foram contra o socialismo. No ano eleitoral de 2018, muitos candidatos a presidente apresentaram suas propostas, e os eleitores escolheram Bolsonaro… Até dois anos atrás, Jair Bolsonaro era uma figura marginal na política brasileira, personagem caricato do chamado ‘baixo clero’. Duas ocorrências, que também não foram da iniciativa dele, concorreram em sequência para sua eventual eleição. A primeira foi a criação do sketch “Mitadas de Bolsonabo” pelo programa Pânico na TV! da rede Bandeirante, figura que entrava e saía de cena sob o bordão de “Mito!”. Bolsonabo transformou em humor e graça um personagem que era antes incorreto e chocante, explorando um traço do temperamento brasileiro que é de tudo rir… A segunda ocorrência foi a facada infeliz de Adelio Bispo de Oliveira, lá em Juiz de Fora. Aquela facada tocou noutro traço do temperamento humano que é o pronto sentimento de empatia para com a vítima de um crime. Daquele momento em diante, Jair Bolsonaro não precisou nem pôde mais fazer campanha; bastou-lhe sobreviver para se eleger. Sobreviver não foi pouco, mas nada teve a ver com livrar o Brasil do socialismo… O que estamos vendo, então, é o seguinte: Heleno, Pereira e Antagonista estão a dependurar na conta do almejado socialismo petista o que houve de ruim na política brasileira das últimas duas décadas. É uma narrativa espúria….
US ECONOMY : Bill Bonner compara a situação econômica de 1929 com a situação atual, argumentando que a atual pode ser pior. Ele faz considerações interessantes. Exemplo. O argumento do longo prazo e o ‘nosso’ prazo. Eu, por exemplo, não tenho mais ‘prazo’ para o longo prazo. Meus filhos e netos têm. Como eles são meus sócios, meus herdeiros, o longo prazo continua relevante para mim por causa deles… Veio, depois, a comparação da bolha dos Roaring Twenties com a bolha atual Obama-Trump. As duas estimularam os mercados. A primeira não foi fraudulenta, a segunda é fraudulenta na avaliação de Bonner. A primeira bolha resultou dos pagamentos dos empréstimos da Primeira Guerra Mundial. A bolha atual resultou da injeção de dinheiro do Fed (4 trilhões) + juros negativos + recompra corporativa (corporate buybacks). “In the 1920s, the money was real – gold. And growth rates were real – based on automobiles, rising wages, and electrical appliances. And they were twice as high as today’s growth rates. But that still didn’t stop a crash. Between September 1929 and September 1931, stocks fell 75%… They didn’t recover for 25 years. Today, the money is fake… and the growth is counterfeit. As we pointed out yesterday, it’s not like a coin toss. It’s not even odds, 50/50, up or down. Because movement in the financial world is ‘path dependent.’ Where you go depends on how you got where you are, in other words.” No mundo financeiro, o movimento depende do caminho já feito: pra onde você vai depende de como você chegou onde está. Assim vimos que o longo prazo perdeu sentido para mim, mas não para meus filhos e netos. Algo semelhante também se aplica no caso das nações, porque nós tratamos as nações como se fossem pessoas, como tendo vida e tempo sobre a Terra… Quanto a bolhas, vimos que ser ou não ser fraudulentas, sejam elas causadas por real noney ou fiat money, são condições irrelevantes no que diz respeito ao craque das bolsas… A jovem estudante de ciência política Ana Paula Henkel não vê nada disso….